domingo, 7 de novembro de 2010

Blog com novo endereço!

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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A saída dos mineiros

Veja os 33 mineiros que ficaram presos a mais de 600 metros de profundidade na mina San Jose desde 5 de agosto




1. Florencio Ávalos, 31 anos, capataz, casado. Irmão de Renán, outro dos mineiros presos. Por sua condição de capataz, era o segundo na hierarquia, depois do chefe de turno.

2. Mario Sepúlveda, 40 anos, eletricista, casado. Foi o apresentador da maioria dos vídeos dos mineiros que foram divulgados.

3. Juan Illanes, 52 anos, mineiro, casado. Veterano do conflito na fronteiro que quase gerou uma guerra entre o Chile e a Argentina, em 1978.

4. Carlos Mamani: 23 anos, operador de maquinário pesado, casado. É boliviano, e é o único do grupo que não é chileno.

5. Jimmy Sánchez, 19 anos, mineiro, solteiro. É o mais jovem do grupo.

6. Osman Araya, 30 anos, mineiro, casado. Trabalhava somente há quatro meses na mina.

7. José Ojeda, 46 anos, encarregado da perfuração, viúvo. Sofre de diabetes e foi quem escreveu a mensagem que anunciou ao mundo que todos estavam com vida. "Estamos bem no refúgio, os 33."

8. Claudio Yáñez, 34 anos, operador de broca, solteiro.

9. Mario Gómez, 63 anos, motorista, casado. É o m ais experiente do grupo. É filho de mineiro e foi apelidado de "O Navegador", por seu passado como mercante da Marinha.

10. Alex Vega, 32 anos, mecânico de maquinaria pesada, casado. Em 22 de setembro, comemorou seu aniversário dentro da mina.

11. Jorge Galleguillos, 56 anos, mineiros, casado. Trabalhou toda sua vida na mina e sofre de hipertensão.

12. Edison Peña, 34 anos, mineiro, solteiro. Na primeira gravação, expressou seu desespero ao dizer: "Quero sair logo".

13. Carlos Barrios, 27 anos, mineiro, solteiro. Seu pai, Antenor Barrios, disse como acho que ele estava após a primeira conversa: "Encontrei-o com forças e vontade. Uma voz forte e clara. Me emocionei."

14. Víctor Zamora, 33 anos, mecânico automotivo, casado. Preso na mina, recebeu a confirmação de que sua mulher, Jéssica Cortez, está grávida.

15. Víctor Segovia, 48 anos, eletricista, casado. É o encarregado de registrar por escrito tudo o que acontece dentro da mina.

16. Daniel Herrera, 27 anos, motorista de caminhões, casado. Sua mãe, Alicia Campos, contou que prometeu não chorar quando conseguiu falar com ele lá embaixo. "Não cedi até que disse 'tchau, meu filhinho'", contou.

17. Omar Reygadas, 56 anos, eletricista, casado. Tinha acabado de começar a trabalhar na mina.

18. Esteban Rojas, 44 anos, encarregado de manutenção, casado. Prometeu por carta a sua mulher, Jessica Yáñez, com quem se casou no civil há 25 anos, que ao sair fariam uma cerimônia religiosa.

19. Pablo Rojas, 45 anos, carregador de explosivos, casado. Tinha menos de meio ano trabalhando na mina.

20. Dario Segovia, 48 anos, operador de broca, casado. Sua mulher, Jessica Chille, conseguiu falar com ele após 24 dias. "Ouvir sua voz foi um alívio para o meu coração", disse ela.

21. Yonni Barrios, 50 anos, eletricista, casado. Por seus conhecimentos de enfermaria, foi encarregado de elaborar relatórios médicos de seus companheiros e de vaciná-los. Do lado de fora, ele foi disputado a tapas por duas mulheres.

22. Samuel Ávalos, 43 anos, mineiro, casado. Sua mulher, Ruth, contou que tinha problemas com drogas.

23. Carlos Bugueño, 27 anos, mineiros, solteiro. Antes de entrar na mina, trabalhava como segurança.

24. José Henríquez, 54 anos, encarregado de perfuração, casado. Tem sido o guia espiritual dos mineiros.

25. Renán Ávalos, 29 anos, mineiro, solteiro. Renán trabalhava na mina há cinco meses e é irmão do capataz Florencio Ávalos.

26. Claudio Acuña, 44 anos, operador de perfuradora, solteiro. Declarado fanático pelo popular time de futebol Colo Colo.

27. Franklin Lobos, 53 anos, motorista, solteiro. Ex-jogador de futebol, com passagem rápida pela seleção chilena.

28. Richard Villarroel, 27 anos, mecânico, solteiro.

29. Juan Aguilar, 49 anos, supervisor, casado. Sua mulher, Cristy Coronado, disse: "Para mim isso é como um sonho. Às vezes, espero acordar e encontrar minha vida de antes."

30. Raúl Bustos: 40 anos, mecânico hidráulico, casado. Trabalhava como mecânico nos estaleiros da Marinha do Chile, em Talcahuano, um porto no sul, destruído pelo tsunami de 27 de fevereiro. Isso o obrigou a procurar trabalho na mina.

31. Pedro Cortez, 24 anos, eletricista, solteiro. Perdeu um dedo na mina há um ano.

32. Ariel Ticona, 29 anos, motorista de maquinário pesado, casado. Sua mulher, Margarita, deu à luz a sua terceira filha enquanto o marido estava preso na mina. A menina foi batizada de Esperanza.

33. Luis Urzúa, 54 anos, topógrafo e chefe de turno, casado. Tem exercido a função de líder, e foi o primeiro que falou com as autoridades.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

"Le Figaro": Lula foi presidente que modernizou o Brasil

Reportagem do jornal francês Le Figaro afirma que Luiz Inácio Lula da Silva foi o presidente responsável por "modernizar o Brasil"

Da BBC Brasil

O texto, que recebeu uma chamada na capa do Le Figaro, é assinado pela correspondente do jornal no Rio de Janeiro, Lamia Oualalou.
A reportagem conta a história de Ricardo Mendonça, paraibano de Itatuba que se mudou para o Rio de Janeiro em busca de emprego em 2003 e conseguiu entrar na universidade graças a uma bolsa do programa Pro-Uni, do governo federal.
O jornal atribui o sucesso de Mendonça às políticas do governo Lula.
"Histórias como esta de Ricardo o Brasil registra aos milhões. A três meses do fim do seu segundo mandato, este é um país mudado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixará ao seu sucessor", escreve o Le Figaro.

'Barbudo onipresente'

O jornal diz que quando Lula chegou ao poder, em 2003, o Brasil era um país sem "grandes esperanças" que havia finalmente dado uma chance a um "turbulento barbudo onipresente na cena eleitoral desde o restabelecimento da democracia".
O Le Figaro destaca que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso conseguiu combater a hiperinflação com o Plano Real, mas que se tornou "muito impopular" antes de deixar o poder em 2002.
Citando analistas políticos brasileiros, o jornal diz que Lula foi responsável por ampliar políticas sociais do governo anterior.
"O chefe de Estado reagrupou algumas medidas sociais do seu antecessor e lhes deu uma dimensão inimaginável", diz a reportagem do jornal.
"Pela primeira vez na história, o Brasil assiste a uma redução contínua e inédita das desigualdades. Em dois mandatos, 24 milhões de brasileiros saíram da miséria e 31 milhões entraram para a classe média."
O jornal diz que o governo quer agora usar a riqueza dos novos campos de petróleo descobertos no litoral brasileiro para criar um fundo que beneficie os mais pobres.
O Le Figaro destaca que apesar dos avanços, o Brasil ainda é um dos mais desiguais da América Latina e do mundo, com altos índices de analfabetismo e problemas crônicos de saúde pública.
O jornal alerta também que as autoridades e parte dos analistas no Brasil não estão imunes à "complacência".

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Israel ataca civis em missão humanitária


As Forças Armadas israelenses atacaram nesta segunda-feira a “Frota da Liberdade”, integrada por 750 pessoas em seis embarcações, que se dirigia a Gaza para prestar solidariedade à população palestina. A frota humanitária pretendia entregar mais de 10 mil toneladas de suprimentos na Faixa de Gaza. Segundo a TV israelense (Canal 10), no mínimo 19 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no ataque.


O porta-voz do Exército israelense, general Avi Benayahu, afirmou que o ataque aconteceu em águas internacionais. "O comando agiu em alto mar entre 4h30 e 5h, a uma distância de 70 a 80 milhas (130 a 150 km) de nossa costa", afirmou o general à rádio pública.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Lula negocia para assumir a ONU ou o Banco Mundial

Avaliação mostra que brasileiro conquistou cacife político que o credencia a assumir um posto internacional de relevo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou articulações com outros líderes mundiais para definir seu futuro após deixar o cargo. Gostaria de virar secretário-geral de uma renovada ONU (Organização das Nações Unidas) ou de presidir o Banco Mundial.
Lula já tratou dos dois temas com outros presidentes e primeiros-ministros. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, também fala com diplomatas estrangeiros.
A avaliação de Lula, Amorim e alguns líderes mundiais é que o brasileiro conquistou cacife político que o credencia a assumir um posto internacional de relevo.
No entanto, não interessaria a Lula virar secretário-geral da ONU no atual formato, muito dependente dos EUA e dos outros vencedores da Segunda Guerra Mundial --Reino Unido, França, Rússia e China.
Mas, se for aprovada uma reforma da ONU, a começar pelo Conselho de Segurança, Lula trabalhará para disputar a secretaria-geral.
Na Europa, três líderes endossam a postulação de Lula para secretário-geral: o presidente de governo da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, o premiê de Portugal, José Sócrates, e o presidente da França, Nicolas Sarkozy. As informações são da Folha Online.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Irã assina acordo nuclear proposto por Brasil e Turquia

Da BBC Brasil

O porta-voz do Ministério do Exterior do país, Ramin Mehmanparast, disse que o país vai enviar 1.200 kg de urânio de baixo enriquecimento (3,5%) para a Turquia em troca de combustível para um reator nuclear a ser usado em pesquisas médicas em Teerã.

O entendimento anunciado nesta segunda-feira e assinado em frente a jornalistas em Teerã tem como base a proposta da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, órgão da ONU), do final do ano passado, que previa o enriquecimento do urânio iraniano em outro país em níveis que possibilitariam sua utilização para uso civil, não militar.

Analistas acreditam que a adoção de uma proposta que segue as linhas do que foi negociado na ONU poderia esfriar os ânimos dentro do Conselho de Segurança da organização e evitar uma nova rodada de sanções, como defendem os Estados Unidos.

Entretanto, o correspondente da BBC em Istambul, Jonathan Head, disse que mesmo entre as autoridades do Ministério do Exterior turco existe um ceticismo pela possibilidade de que o Irã esteja acenando com boa vontade, mas pouco disposto a cooperar na questão nuclear.

Poucos minutos após o anúncio do acordo, Israel criticou o Irã, afirmando que Teerã está "manipulando" o Brasil e a Turquia.

Os dois países, potências não-nucleares e membros não-permanentes do Conselho de Segurança da ONU, querem evitar as sanções.

Alguns integrantes do Conselho – principalmente os Estados Unidos - desconfiam das intenções do programa nuclear iraniano.

O Irã afirma que ele tem fins pacíficos, e que o país não pretende desenvolver armas nucleares.

Suspense

Os termos do acordo serão submetidos à AIEA, anunciou o Irã. Se for aceito, os 1.200 quilos de urânio iraniano com baixo enriquecimento ficarão guardado na Turquia sob vigilância turca e iraniana.

Em troca, após um ano, o Irã tem direito de receber 120 quilos de material enriquecido a 20%. Rússia e França já haviam se oferecido para fornecer esse urânio.

A expectativa era de que um novo entendimento com os iranianos fosse anunciado ainda no domingo, mas o assunto não foi comentado nem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e tampouco pelo presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, durante o encontro bilateral.

Inicialmente, o premiê Erdogan era esperado para um encontro trilateral com os líderes brasileiros e iraniano, mas acabou desistindo da viagem sob o argumento de que a o Irã não estaria "comprometido" com o acordo proposto.

No fim, Erdogan acabou viajando a Teerã, onde chegou nas primeiras horas da segunda-feira.

O suspense indica que a diplomacia para chegar a um acordo foi "complexa", segundo as palavras do próprio ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em entrevista ao jornal Washington Post.

Na sexta-feira, em encontro com Lula em Moscou - primeira parada desta viagem de Lula ao exterior -, o presidente russo, Dmitri Medvedev, disse que a proposta do Brasil e da Turquia seria a última chance do Irã de evitar as sanções da ONU.

Gestos de boa vontade

No domingo, Lula se encontrou com o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, e com o presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad.

A agência oficial iraniana IRNA noticiou que Khamenei elogiou o Brasil. Segundo a agência de notícias AFP, Ahmadinejad também fez elogios ao Brasil. Lula e Ahmadinejad discursaram em um evento para empresários dos dois países, mas nenhum dos dois mencionou a questão nuclear.

Ainda no domingo, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, divulgou uma nota em que agradece aos governos de Brasil, Síria e Senegal por seus esforços em prol da libertação da professora francesa Clotilde Reiss, que estava presa em Teerã desde o ano passado.

Reiss havia sido condenada em julho do ano passado por dez anos de prisão por espionagem e por ter enviado fotografias por e-mail mostrando protestos contra o governo iraniano.

O anúncio da libertação foi feito neste sábado, dia da chegada do presidente Lula a Teerã.

Segundo fontes da diplomacia brasileira, o presidente Ahmadinejad teria dito a Lula que a libertação da professora francesa foi um "presente" do governo iraniano ao presidente brasileiro.

Nesta segunda-feira, o presidente brasileiro participa de uma reunião do G15, um grupo de cooperação entre países em desenvolvimento não-alinhados. Além de Brasil e Irã, participam do G15 Argélia, Argentina, Chile, Egito, Índia, Indonésia, Jamaica, Malásia, México, Nigéria, Quênia, Senegal, Sri Lanka, Venezuela e Zimbábue.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Vietnã celebra 35 anos da vitória contra os EUA

Ainda amanhecia quando milhares de vietnamitas, organizados em colunas, começaram a se aproximar do Parque 30 de Abril, diante do antigo palácio presidencial, na cidade de Ho Chi Minh. Sindicatos, universidades, fábricas e organizações camponesas enviaram suas delegações, além das forças armadas. Respondiam à convocação para a manifestação que celebraria o triunfo do Vietnã socialista contra o governo de Saigon (velho nome da cidade) e seus aliados norte-americanos.

Por Breno Altman

Não foi um comício de tipo ocidental. O horário já era extravagante. Todos estavam avisados que as atividades começariam pontualmente às 6h30 e estariam encerradas três horas depois, antes que o calor alucinante de Ho Chi Minh vencesse o dia. Quem ocupava as arquibancadas armadas no caminho central do parque eram as autoridades e os convidados. Os cidadãos, com seus agrupamentos, foram os responsáveis pelo espetáculo.

Poucos discursos, apenas quatro – e religiosamente cronometrados. O primeiro secretário do Partido Comunista do município falou por 20 minutos. Depois vieram o presidente da Associação dos Veteranos de Guerra, o secretário-geral da federação sindical local e o presidente da Juventude Comunista de Ho Chi Minh – cada qual com direito a 10 minutos de discurso. O presidente da República, Nguyễn Minh Triết, 68, um sulista que teve participação discreta na guerra e está no cargo desde 2006, apenas assistiu, junto com outros dirigentes.

Aproximadamente 50 mil pessoas desfilaram diante das tribunas. Grupos teatrais representaram momentos da guerra de 21 anos contra os norte-americanos e o então Vietnã do Sul. Muita música, até com um pouco de ritmo pop, além dos acordes previsíveis da Internacional (o histórico hino socialista) e de canções revolucionárias. Depois, uma longa marcha, com militares, trabalhadores, mulheres, intelectuais, estudantes, camponesesm com suas faixas e bandeiras, além de modestas coreografias.

Mas a maior emoção estava no rosto dos veteranos de guerra. Um deles era o coronel Nguyễn Van Bach, de 74 anos, cabelos inteiramente brancos. Nascido na província de Bình Dương, no sul do país, integrou-se à luta armada em 1947, aos 11 anos. Ainda era a época da guerra contra os franceses, que não aceitavam a independência conquistada em 1945, sob a liderança do líder comunista Ho Chi Minh.

Van Bach ainda combatia no final de abril de 1975. Fazia parte das tropas guerrilheiras. Estava em um destacamento que já controlava a cidade de Tan An, na província de Long An, localizada no delta do rio Mekong. Foi lá que soube da queda de Saigon nas mãos de seus camaradas. “Tive uma alegria tão grande que provocava lágrimas”, lembra-se. Ainda se emociona, como vários de seus amigos, quando se recorda dessa data.

Afinal, no dia 30 de abril de 1975, encerravam-se mais de 30 anos de guerra regular ininterrupta. Desde que fora formado o primeiro pelotão da guerrilha comunista, em dezembro de 1944, sob o comando de Võ Nguyên Giáp, braço direito de Ho Chi Minh, os vietnamitas enfrentaram sucessivamente invasores japoneses, franceses e norte-americanos.

Colonia francesa desde 1856, o Vietnã foi ocupado pelas tropas nipônicas durante a Segunda Guerra Mundial. Os comunistas assumiram a linha de frente na luta contra os soldados de Hiroito, aproveitando o colapso de Paris às voltas com a ocupação nazista. Lideraram uma frente de várias correntes políticas, denominada Vietminh, e declararam a independência do país depois da capitulação japonesa, em agosto de 1945. No dia 2 de setembro do mesmo ano nascia a República Democrática do Vietnã.

Guerra da Indochina

O general De Gaulle, presidente da França, assim que viu derrotado o nazismo, ordenou que suas tropas sufocassem os rebeldes vietnamitas. Foram oito anos de sangrentos combates. Os homens de Ho Chi Minh e Giáp organizaram uma poderosa resistência guerrilheira, que progressivamente aterrorizou e desgastou os franceses. Mais de 90 mil gauleses perderam a vida nos campos de batalha.

A estocada final contra os colonizadores foi em 1954. Ficou conhecida como a batalha de Điện Biên Phủ, uma região no noroeste do Vietnã, perto da fronteira com o Laos. Os franceses imaginavam-se invulneráveis nessa posição estratégica, da qual planejavam sua contra-ofensiva a partir de uma grande concentração de recursos humanos e materiais. Mas o Vietminh, através de trilhas na selva e túneis, foi cercando o local sem ser percebido.

Depois de oito semanas, entre 13 de março e 7 de maio, as tropas do general Christian De Castries estavam destruídas e desmoralizadas. Foi o derradeiro capítulo da chamada Guerra da Indochina. Os franceses, derrotados, aceitaram as negociações que levariam aos acordos de Genebra, em 1954. Pelos termos desse tratado, o Vietnã ficaria provisoriamente dividido em dois, ao norte e ao sul do paralelo 17. Mas eleições gerais teriam lugar em 1956 para reunificar o país.

Quando se consolidaram as perspectivas de vitória eleitoral comunista, os grupos conservadores chefiados pelo católico Ngô Đình Diệm deram um golpe de Estado no sul e cancelaram as eleições. Os Estados Unidos, que já tinham sido os principais financiadores das operações francesas, assumiram a defesa do regime de Saigon. Forneceram, a princípio, recursos, armas e assessores militares.

Guerra do Vietnã

Os comunistas reagiram e lideraram, a partir de 1960, um levante popular e guerrilheiro contra Diem, articulado pela Frente de Libertação Nacional com o apoio do norte. Os norte-americanos, diante da fragilidade de seus aliados, enviaram tropas para defendê-los. Era o início da Guerra do Vietnã.

A participação direta dos Estados Unidos durou até 1973. Acabaram asfixiados e quebrados como os franceses. “A supremacia deles era tecnológica”, recorda outro veterano, o general Đỗ Xuân Công, 72. “Mas o armamento deles era para guerra à distância, com aviões, foguetes e bombas. Nós reduzimos o espaço, forçamos o combate no quintal de suas tropas. As armas modernas não tiveram serventia nem substituíram sua falta de moral para a luta”.

A casa começou a cair depois da chamada Ofensiva do Tet (o ano novo vietnamita), em 1968, quando as forças guerrilheiras atacaram dezenas de objetivos ao mesmo tempo, incluindo a própria embaixada norte-americana em Saigon. A Casa Branca já tinha mais de 500 mil homens em combate. A sociedade estrilava com as mortes, derrotas e mentiras.

Os EUA, durante os quatro anos seguintes, despejaram uma quantidade de bombas superior a que foi empregada em todas as batalhas da Segunda Guerra Mundial. No final de 1972 submeteram Hanói a 12 dias e noites de terror. Utilizaram armas químicas para destruir a capacidade alimentar dos vietnamitas e anular as forças guerrilheiras. Mas suas tropas estavam cada vez mais tomadas pelo medo e incapazes de defender suas posições territoriais.

Derrota norte-americana

Washington se viu forçado às negociações de Paris, que levariam à retirada de seus soldados em 1973. O regime de Saigon ficou por sua própria conta. Não permaneceu de pé por muito tempo. Em 1975, o Vietnã reconquistava sua unidade nacional e os comunistas venciam a mais duradoura guerra do século 20.

Os mortos vietnamitas, civis e militares, chegaram a três milhões, contra apenas 50 mil “sobrinhos” do tio Sam. Dois milhões de cidadãos, incluindo filhos e netos da geração do conflito, padecem de alguma deformação genética provocada pela dioxina, subproduto cancerígeno presente no agente laranja, fartamente empregado pelos norte-americanos. Além das perdas humanas, a economia do país foi quase levada à idade de pedra, como preconizava o general norte-americano Curtis LeMay.

Mas quem desfila a vitória, ainda assim, é o Vietnã. Os norte-americanos foram ocupar o mesmo lugar na galeria de fotos que japoneses e franceses, para não falar dos chineses: o de agressores colocados para correr. “Nossa estratégia se baseou em uma ideia simples: a da guerra de todo o povo”, enfatiza o general Công. “Não havia um centímetro de nosso território no qual os norte-americanos podiam ficar tranquilos. Eles perderam para o medo.”

Essas são águas passadas, porém. Das quais ficam lições, estímulos e valores, é certo, além de grandes livros, fotos e filmes. Mas não resolvem os desafios da paz. Os vietnamitas, nesses 35 anos, tiveram que cuidar de outro problema, para o qual a guerrilha e seus inventos não eram solução. Como alimentar e desenvolver uma nação tão pobre e destruída? Essa é a outra história do Vietnã indomável.

Fonte: Opera Mundi. Este texto integra uma série de reportagens especiais sobre como está o Vietnã e como vivem os vietnamitas após 35 anos do fim da guerra.